3 de out. de 2015

Manthiqueira mira a liderança e pega o Noroeste neste domingo

Laranja tenta conquistar a quarta vitória seguida na competição em jogo chave em Bauru

Leandro Oliveira
Guaratinguetá
Times empataram por 2 a 2 no primeiro turno, em Guaratinguetá - Jurcy Querido/Divulgação
Neste domingo, Manthiqueira e Noroeste medem forças em Bauru, pela 6ª rodada da fase final da Série B Paulista. Enquanto o Norusca precisa vencer para seguir com chances de acesso, a Laranja tem que ganhar para continuar no G-2 e dificultar ainda mais as possibilidades do rival, já que a diferença entre as equipes é de quatro pontos. A partida começa às 10h e terá transmissão da Rádio Piratininga AM 610 para a região de Guaratinguetá.

O Manthiqueira engrenou na Série B do Paulistão e já soma três vitórias consecutivas. A arrancada levou a equipe para a segunda posição. Com 11 pontos, atualmente, o time joga neste domingo contra o Noroeste (7 pontos) e se vencer pode chegar à liderança do grupo e ampliar a vantagem para a Inter de Bebedouro, atualmente terceira colocada com 10.

José Eduardo, zagueiro de ofício que jogou como volante na última partida contra o Lemense, é uma opção que a técnica Nilmara Alves não descarta para o jogo deste domingo. "O Zé entrou bem. Pelo modo como o Lemense jogava, com lançamentos, ele fez bem o papel de primeiro volante, porque é alto e tem bom posicionamento. É uma alternativa que pode se repetir, já que o Noroeste joga em casa e vai pra cima", contou.

No primeiro turno, em Guará, as duas equipes empataram por 2 a 2. Essa será a primeira vez que o Manthiqueira pega o Noroeste no Alfredo de Castilho. A partida será a terceira que o Norusca fará em casa pela fase final da competição. O time perdeu para o São Bernardo, na abertura dessa etapa, e goleou o Lemense. 

Nilmara Alves preferiu não indicar como o time poderia ser escalado para o confronto de amanhã. "Cada jogo é um capítulo. A gente, nessa fase final, tem mudado o time de acordo com o adversário. Como a partida é fora de casa, talvez tenhamos alguém de mais marcação no meio e outro com mais velocidade para puxar contra-ataques. Mas ainda não foi definido", finalizou.

Além de Noroeste e Manthiqueira, outras duas partidas no mesmo horário completam a 6ª rodada do grupo. Em Bebedouro, a Inter (10 pontos) recebe o São Bernardo (8). Em Leme, o Lemense (1) encara o Fernandópolis (13).



Ascensão, apogeu e queda: onde a história do Guará começou a declinar?

Clube modelo nos anos 2000, Guaratinguetá enfrenta série de problemas dentro e fora de campo há pelo menos dois anos

Leandro Oliveira
Guaratinguetá
Última participação do Guaratinguetá na Série B foi em 2013 - Fábio Rubinato/AGF
O Guaratinguetá completou 17 anos de fundação na última semana. Dono de uma das mais meteóricas acensões do futebol brasileiro, o Guará cresceu como exemplo de time a ser seguido no formato clube-empresa. Com seis acessos em 10 anos de história, o time saiu da quinta divisão estadual para a elite, em seis anos. Tudo ia bem até o fim de 2010, quando a direção da Garça negociou a mudança de sede do clube. De lá pra cá, a equipe nunca mais voltou a ser a mesma. Os maus resultados culminaram em três rebaixamentos em três temporadas. O Tricolor passou pelas mãos de quatro proprietários no mesmo período, acumulou uma série de dívidas trabalhistas e o torcedor viu o time do coração precisar se apoiar em dois clubes distintos para escapar da queda para última divisão nacional. Atravessando a pior crise de sua história, o que resta ao torcedor da Garça é recordar os momentos de glória do passado e ter fé de dias melhores no futuro.

Da troca de sede em 2010 até os dias atuais muita coisa mudou. Exemplo de time, anos antes da mudança, fiel pagador de salários no fim dos meses, o Guará teve sua história destruída para que um novo capítulo tivesse início. De volta à terra natal em 2012, o clube não conseguiu se manter na elite do futebol paulista. Com um elenco de nível técnico baixo comparado aos rivais, a Garça foi rebaixada à Série A-2 e passou sufoco na Série C de 2012. Um ano depois, a equipe não aguentaria e seria rebaixada à terceira divisão nacional. 

Era Panzelli

Foi em 2013 que uma das principais mudanças da Garça ocorreu. Sony Douer, empresário e proprietário, e Israel Vieira, presidente, deixavam o comando do clube para o retorno de Mário Augusto e a chegada de Pedro Panzelli. Com dívidas zeradas, segundo declaração de Israel na coletiva de entrega do clube-empresa, o Guará iniciava uma série de problemas dentro e fora de campo. 
Cacalo (esquerda), Marinho, Pedro Panzelli, Israel Vieira e Mari Silva Panzelli, em coletiva no Dario Rodrigues Leite
Thiago Leon/THX Photo
Um ano depois, o time se livrou do rebaixamento à Série A-3 do Paulista na penúltima rodada. Sem investimento para montar um elenco forte para a Série C, Panzelli, que tomou à frente do clube, fechou parceria com o Osasco Audax, que disputou a competição utilizando o nome e uniforme do Guaratinguetá. Se dentro de campo a sintonia começava desafinar, fora também, já que os salários do clube estavam atrasados. "Não recebia nada do Guaratinguetá. Na época, não aparecia ninguém para me explicar. Isso nunca tinha acontecido", contou Rocha, zagueiro que disputou a A-2 pela Garça.

Além de Rocha, outros jogadores que participaram da campanha do time na Série A-2 também ficaram sem receber. Funcionários do clube, que trabalhavam na parte administrativa, comissão técnica e outros que eram responsáveis pelo alojamento dos jogadores também não receberam. Alguns desses, que preferiram não serem identificados, continuam com processos ativos na justiça trabalhista e afirmam que nenhum representante do Guaratinguetá comparece nas audiências. Na época, Panzelli foi ouvido pela reportagem e respondeu que o assunto "só seria discutido em esfera judicial". Depois disso, o ex-cartola nunca mais falou sobre o assunto.

Sai Panzelli, entra João Telê

A temporada de 2014 chegava ao fim e o time acenava com a possibilidade de um recomeço. Nenê, ídolo do clube, se aposentou e assumiu o cargo de diretor de futebol. O elenco estava sendo montado e contava com jogadores de peso na história da equipe, como Rocha e César Santiago. Porém, dias depois da apresentação, Pedro Panzelli selava um acordo com João Marcos Rodrigues. João Telê, como é conhecido, chegava ao clube para ser um colaborador, como ele mesmo se define. Enquanto os torcedores se questionavam sobre a repentina mudança, Panzelli saía de cena.
Panzelli (camisa preta) e Nenê (verde) na coletiva de apresentação do elenco para a A-2 de 2015
Leandro Oliveira/Na Gaveta Esportes
Neste ano, João se dividiu nas funções de treinador e colaborador. Ele comandou o time na campanha do rebaixamento à Série A-3 e estava à frente da equipe na Série C, antes da parceria entre Garça e Atlético Paranaense. E foi a chegada do elenco do Furacão que alavancou uma arrancada do Tricolor, que conseguiu escapar do rebaixamento, sob o comando técnico de Sérgio Vieira. 

Indagado sobre os problemas financeiros do Guaratinguetá, João respondeu. "As ações de reclamantes estão expostas aí. São públicas e qualquer um pode identificar. A questão é que quando assumimos (o clube), nós nos certificamos das certidões positivas e negativas. Tínhamos conhecimento de tudo e vamos honrar o que tem para ser honrado. Nosso prazo inicial era de que dentro de um ou dois anos, nós deixaríamos o clube sadio e zerado em relação a dívidas".

João Telê ainda explicou que, por conta da necessidade de quitar as dívidas que seguem pendentes, o clube não consegue ter um elenco competitivo e por isso vê com bons olhos a parceria feita com o Atlético Paranaense neste ano. "Quando a gente assumiu o time, dia 19 de dezembro do ano passado, a gente fez um planejamento de honrar os compromissos financeiros do clube. Por essa razão todo o nosso sacrifício, de não contratação e que as vezes culmina em sacrifício dentro de campo", concluiu.

Poder público

Alvo de críticas da direção da Garça há pelo menos três anos, a prefeitura de Guaratinguetá, por meio do secretário de esportes Gustavo Mathidios, informou que "é impossibilitada de auxiliar financeiramente o clube, por se tratar de uma empresa privada".

Reparos no estádio e uma troca completa do gramado foram realizados pelo poder público, que não pode interferir em questões fora das quatro linhas. "Uma empresa privada não pode se utilizar de um patrimônio público constante sem uma autorização legal. O Guaratinguetá foi acertando dívidas passadas, mas a dívida passada não significa documentação do direito de uso", finalizou. 

Futuro do clube

Antes da parceria com o Furacão, João comandou o time
Leandro Oliveira/Na Gaveta Esportes
Como o time se manteve na Série C, João revelou que espera uma aproximação maior do torcedor em 2016. Segundo ele, "a torcida se afastou do Guará, não por conta do nosso trabalho, mas por tudo que ocorreu como mudança na cidade". 

Ele revelou que irá se reunir, na próxima semana, com a direção do Atlético Paranaense para discutir o andamento da parceria entre os clubes para a Série A-3 do ano que vem. João também disse que não existe um plano B caso o acordo seja interrompido. Se isso acontecer, o Guaratinguetá poderá disputar a Série A-3 com um elenco formado por jogadores com média de idade entre 18 e 20 anos.

Segundo João Telê, a pré-temporada da Garça tem início no dia 30 de outubro. Um grupo com jogadores sub-20 está sendo montado, já que o time planeja disputar a Copa São Paulo de Futebol Jr. 




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