18 de nov. de 2013

Guaratinguetá, o passado de lembranças e o futuro incerto

Leandro Oliveira 
Ironia EC - Na Gaveta Esportes 

(Fernando Martinez - Jogos Perdidos)
Saudade de acordar de manhã, me arrumar, tomar um café com leite e ir para o estádio com meu pai, assistir um jogo da Série B-2, B-1 ou A-3. Das divisões, não tenho saudades. Mas sinto falta do time. Aquele time que entrava em campo, vestido de vermelho e carregando a bandeira tricolor da cidade de Guaratinguetá. Time que não tinha grandes craques, mas que nunca deixou faltar vontade em cada dividida. 
Sinto saudade daquilo que passou, e que não volta mais. Saudade dos tempos em que o sol não era capaz de me combater nas arquibancadas. E se chover? Dane-se. A chuva cai e a torcida canta e pula para se esquentar. 

Sinto falta do empenho dos jogadores, de antigamente. Do pesado Vagner Carioca, que carinhosamente eu apelidei de 'jabuti'. Trombador, mas matador. Fazia gols. Andava pelas ruas da cidade e demonstrava sentimento pelo clube que defendia e pela cidade que lhe abraçou. Diferente de tantos que vestiram essa camisa e sequer davam 'bom dia' ao porteiro do clube. Alguns desses foram capazes de gargalhar minutos após a confirmação do rebaixamento para a Série A-2 de 2013.
Mas, pra cada sete, oito jogadores que não dão valor ao time que defendem, existe um que se desdobra em campo, em respeito a camisa e, principalmente, ao torcedor que paga ingresso e apoia em qualquer situação. Citar um ou outro é injustiça com tantos que passaram por aqui. Os incontestáveis Rocha e Nenê, ídolos e amigos. O guerreiro Diego Dedoné. O pulmão de aço, César Santiago. Tantos como Jéci, Carlinhos, Magal, Alê, Dinei, Fábio, Geovane, Jefferson, Michael, Alemão, Renato Peixe. Não só os jogadores do presente, mas também aqueles que foram fundamentais para o crescimento do Guaratinguetá, como Rodrigo. Ainda aponto dois, que pra mim, foram peças importantes para a arrancada do clube rumo à Série A-1: Maicom e Tóbi.

(lancenet.com.br)
Essa história de saudades e boas recordações, como o acesso em 2004, de virada sobre o Primavera de Indaiatuba, poderia ter apenas bons momentos. Mas, o azul, vermelho e branco terá sempre uma mancha negra. Mancha que foi lavada, diversas vezes, mas jamais sairá da história do Guaratinguetá.
Se em 2010 os torcedores temiam a mudança para Americana, em 2013 boa parte dos torcedores - que numa ocasião foram chamados de 'gatos pingados' em referência ao baixo comparecimento nas arquibancadas - esperam pelo pior. 
Informação confirmada nos microfones da Rádio Piratininga 'Sony admite possibilidade de venda do Guaratinguetá'. É verdade. Mas há uma esperança para aqueles que ainda não enxergaram a grande probabilidade do time ir embora novamente. A esperança de que um empresário de Guará compre o time. 
Torcedor, vai doer menos se você enxergar a realidade que está diante dos teus olhos. Aquele Guaratinguetá de antes não existe mais! O que restou foi isso. O desejo de ir embora e não sofrer prejuízo no bolso. Se a direção do Guaratinguetá Futebol Ltda não tivesse tido a brilhante ideia de abandonar a torcida que teve uma das melhores médias de público no interior paulista entre 2007 e 2009, com quase 7 mil torcedores, hoje, certamente existiria apoio maior nas arquibancadas e na parte financeira.

No mais, até sábado, após a partida contra o Paraná, o sofrimento e angústia de tantos torcedores se perdurará. Sofrimento dos torcedores, pois esses sim tem sentimento em relação ao clube. Quem está por trás de tudo isso, chora, ri, encena e engana. É um grande teatro dentro e fora das quatro linhas.
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