25 de jun. de 2015

Antes de chegar no Taubaté e brilhar no Santos e Seleção Brasileira, Zito foi dispensado no Teci-Guará

Jornalista de Guaratinguetá revela história curiosa sobre o dia que Zito foi reprovado em um clube por se movimentar demais dentro de campo. O dono do "não" se arrependeu anos depois pela dispensa do craque

Leandro Oliveira
Guaratinguetá
Zito brilhou no Santos e na Seleção, mas antes teve curioso episódio em Guaratinguetá - Espores Yahoo
"Nossa, o Nhô Caltabiano dispensou o Zito?". O bate papo com o historiador, professor, jornalista e radialista Carlos Marcondes sobre a história da dispensa de Zito do Teci-Guará começou com a pergunta feita por um ouvinte ao responsável por explanar sobre esse caso. Antes de chegar ao Taubaté e brilhar com as camisas do Santos e da Seleção Brasileira, o volante esteve em Guaratinguetá e foi dispensado do Teci após um dia de treino, por se movimentar demais em campo. Anos depois, o dono do "não" a Zito se deu conta que desperdiçou a chance de contar com um grande jogador em seu elenco e se arrependeu da resposta que deu.

"Se precisar, eu te chamo novamente"

Dono de um repertório extenso de histórias dentro do mundo esportivo, o jornalista e radialista Carlos Marcondes, 81 anos, tirou uma preciosidade que estava adormecida em seus arquivos. Depois da morte de Zito, no dia 14 de junho, Marcondes mencionou em seu programa diário em uma rádio de Guaratinguetá a curiosa história do dia em que Zito foi dispensado do Teci-Guará. Não demorou para que alguns ouvintes ficassem espantados, pois se quer sabiam da breve passagem do ex-volante pelo clube verde, branco e grená.

Após a edição do programa de sexta-feira, Carlos Marcondes contou ao Na Gaveta Esportes uma das histórias mais curiosas de seus 61 anos de trabalho no rádio. Segundo o próprio apresentador, "muita gente desconhece esse capítulo pois foi a muito tempo e na época o ex-jogador não era conhecido".

Mas nem o passar do tempo fez com que o apresentador se esquecesse do dia que Zito treinou e foi dispensado do Teci-Guará. 

"Acontece que o Zito, quando veio aqui, antes de ir para Taubaté, ele veio de Roseira, em 1948. Como nasceu em 1932 e tinha 16 anos, ele veio fazer um treinamento no Teci-Guará. Poderia ser na Esportiva inclusive, mas ele preferiu o Teci. Ele fez um treino lá e quando o treinamento acabou ele perguntou para o Caltabiano "Como que vai fazer, seu Nhô Caltabiano? Eu volto amanhã ou depois para treinar?" e o Nhô simplesmente respondeu "Não, você não precisa voltar não. Você se movimenta demais, tem alguns defeitos, então não tem necessidade. Se precisar, eu te chamo novamente". Mas não deu tempo. Saindo dali ele foi para Roseira e passados alguns dias ele foi convidado para ir à Taubaté. Eu até brincava com o Caltabiano "Você dormiu no ponto aí hein". Então ele foi para a cidade de Taubaté e começou no futebol jogando pelo Esporte Clube Taubaté, até que depois ele foi para o Santos Futebol Clube."

"Essa é uma história interessante. Se ele continuasse treinando, ele ficaria no Teci por um tempo, porque depois apareceria o futebol dele e ele não ficaria em Guaratinguetá, evidentemente. Mas não deixou de ser uma notícia agradável para ele, que não ficou aqui mas pôde brilhar no futebol nacional, e desagradável para a cidade que poderia ter um grande campeão."

Teci-Guará

O Teci-Guará foi um time de futebol da cidade de Guaratinguetá. Com o escudo semelhante ao do Fluminense e as mesmas cores, a equipe foi fundada em 1° de maio de 1930 e chegou a disputar a terceira divisão profissional do Campeonato Paulista de 1957. Em 48, o time competia contra os adversários regionais pelo título Paulista da Zona 2, como era denominada a região que abrangia o Vale do Paraíba.

"Disputava com a Esportiva de Guaratinguetá o campeonato da região, Zona 2 era chamado. Era um campeonato importante, porque participavam Jacareí, Taubaté, Ferroviária de Pinda, Aparecida, Hepacaré de Lorena, Estrela de Piquete, Cruzeiro Futebol Clube, Cachoeira Futebol Clube. Aqui tinha rivalidade entre Esportiva e Teci. Quando jogavam no estádio do Teci, o Comendador João Paulo Bonora, lotava. Quando jogavam no Benedito Meirelles, na Pires Barbosa, também lotava. Quando jogavam lá, a Esportiva já ia para o estádio uniformizada. E quando o jogo era no estádio da Esportiva, era o Teci que vinha todo uniformizado. E era um campeonato bastante interessante, naquele tempo, de quilate mais importante que segundas divisões de profissionais."

O arrependimento pelo não

Não é possível saber o que teria acontecido caso Zito tivesse permanecido no Teci-Guará. Bicampeão mundial com o Santos e com a Seleção Brasileira, o ex-volante abraçou a chance que teve no Esporte Clube Taubaté em 48 e de lá só saiu para brilhar no alvinegro praiano, em 52. O destino sorriu para o craque, mas não para Caltabiano, que anos após dizer "não" ao jovem de 16 anos, se arrependeu da escolha que fez.

"Eu sempre conversava com ele, nas lojas que ele teve. Ele sempre falava "Eu errei naquela oportunidade em 48. Poderia falar para ele ficar mais um pouco para passar por treinamentos, pois o campeonato era difícil". Talvez se ficasse, iria jogar, em 48, 49, 50. Acho que jogaria sim. Então o Nhô tinha esse remorso de não continuar com o Zito e dispensá-lo logo no primeiro treino. Fazer o que? Deu certo pro Zito, que foi campeão inúmeras vezes pelo Santos e pela Seleção.", finaliza rindo da história o jornalista Carlos Marcondes.

José Ely de Miranda, o Zito, nasceu em 8 de agosto de 1932 em Roseira, cidade do Vale do Paraíba, e morreu aos 82 anos em 14 de junho de 2015, em Santos.



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