23 de set. de 2014

Fecham-se as cortinas e termina o espetáculo

Leandro Oliveira
Opinião - Na Gaveta Esportes
(Foto - Jurcy Querido)
Fecham-se as cortinas e termina o espetáculo. Fiori teimava em abri-las, para espetáculos. Ao fim de um torneio ou temporada, as mesmas, abertas de diversas maneiras, se fecham. 
As cortinas da Série B do Campeonato Paulista não as mais ricas em talentos, dinheiro, em público, mas sim em paixão. O futebol que tanto admiramos em anos anteriores com times vencedores e seleções imponentes, como a Alemanha deste ano, inspiram tantos outros clubes menores pelo mundo.

Assim nasceu um dos caçulas do futebol paulista. O Manthiqueira surgiu para o futebol em 2011, seis anos após ser fundado. Em 2012 fez uma campanha razoável e chegou à segunda fase da competição. Mas foi em 2014, justamente num ano de Copa do Mundo, que o time jogou seu melhor futebol.

Melhor campanha de sua história e futebol bem jogado, atraente aos olhos. Sem lero-lero, Biro Biro ou qualquer lenga-lenga. Pra frente. Com muita movimentação, toque de bola e principalmente gana. Pois de nada adianta existir talento se não houver vontade. Assim como de nada adianta existir vontade se não houver talento.

No ano em que os times do Vale do Paraíba penaram em suas competições, o Manthiqueira jogou bonito sim. Quem viu os jogos, sabe do que estou falando. Independente da eliminação na fase final ou de uma possível classificação, a beleza da movimentação em carrossel e da coletividade do futebol bem jogado (digo mais uma vez sem me cansar) trouxe esperança de dias melhores para o futebol regional.

Entre os mais tradicionais, o Taubaté se manteve na A-3 enquanto o São José foi rebaixado na A-2. Na Copa Paulista, a Águia está classificada e o Taubaté não ganhou nenhum jogo. O Guará se safou na Série A-2 e na Série C, prefiro nem comentar. O ex-Joseense e atual São José FC se manteve na A-3.

Depois dos 7 a 1 dolorosos impostos pela Alemanha, houve uma movimentação e pedidos para reformulação e mudança na mentalidade de dirigentes de clubes e na estrutura do futebol brasileiro. Fundado em 2005, o Manthiqueira nasceu diferente.

Nasceu com uma filosofia destratada e desacreditada nos primeiros anos. Sim, muitos não acreditaram e muitos ainda não acreditam que o time, de cor laranja que homenageia a seleção da Holanda que encantou o mundo em 1974, possa dar certo. 
"Mas com essa cor? Não, não vai pra frente". Quantas vezes ouvi essa frase... Da boca de apaixonados por futebol, entendidos, desentendidos, jovens, velhos, anônimos e conhecidos.

A cidade de Guaratinguetá, junto ao estádio Dario Rodrigues Leite (que não ganha e não perde nenhum jogo na história), podem ter se despedido da temporada 2014 com a eliminação do Manthiqueira na 'segundona'. A cidade de Guaratinguetá, que abriga atualmente dois times profissionais de futebol e tem calendário cheio o ano todo, pode se despedir da atual temporada em setembro. Sim, mês nove! 

Digo 'pode', pois existe a esperança de que o Guará se classifique na Série C e a comissão técnica do Grêmio Audax perceba que jogar em Barueri ou Guaratinguetá dá no mesmo. Afinal, se o esquema de jogo não muda e o time não consegue ganhar quando tem o mando de campo a favor, jogar no Dario Rodrigues Leite, na Arena Barueri ou em Wembley, independe da grama. 

Independente da eliminação, o futebol bonito não se apaga. A semente, plantada em 2005, deu frutos neste ano. Quis o destino que, assim como a Holanda, fonte de inspiração, o Manthiqueira também parasse no meio do caminho. Quis o destino que a escrita fosse parecida. 

Que o destino também queira deixar o ensinamento de que para que exista mudança é necessário iniciar a busca por mudar. No mais, tudo é igual e continuaremos respirando por aparelhos com o futebol regional.

Se o 'pode' se concretizar, até breve. Se não, feliz natal, feliz ano novo e até 2015.


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