Sem time profissional, cidade é conhecida pela força de suas escolinhas e sucesso na revelação de craques para o futebol nacional e até mundial
Leandro Oliveira
Na Gaveta Esportes, Cruzeiro
Bruno Mendes, camisa 9, ao centro, deu os primeiros chutes na escolinha Setur, em Cruzeiro (arquivo - Setur) |
Cruzeiro respira futebol, mesmo sem ter um time profissional. A cidade é conhecida por revelar jogadores. Foi assim com Adílson, que conquistou o Mundial de Clubes pelo São Paulo, com o zagueiro Breno, que brilhou no futebol alemão e no Tricolor Paulista e com outros atletas que começaram a jogar no Vale do Paraíba e despontaram para o futebol nacional.
Rosinei, em jogo festivo em Cruzeiro, no fim de 2013 (Leandro Oliveira - Na Gaveta Esportes) |
De Cruzeiro para o Brasil. Foi assim o caminho de diversos jogadores que iniciaram suas trajetórias no Vale. Antes de brilhar no São Paulo, Adílson começava a dar os primeiros chutes na sua terra natal. Foi assim com Breno, que passou pelo Tricolor e chegou ao Bayern de Munique e Seleção Brasileira, Rosinei, que defendeu Corinthians e Atlético Mineiro, e atualmente com Bruno Mendes, que começou no Guarani e passou pelo Botafogo, e João Gabriel, que hoje também defende a Estrela Solitária.
Em uma das visitas que Bruno Mendes costuma fazer à sua cidade natal, o atacante, que hoje defende o Atlético Paranaense, exaltou a força que a base das escolinhas cruzeirenses tem na formação da criança e do profissional. "A base em Cruzeiro foi fundamental para que eu pudesse crescer na carreira. Nunca deixei de estudar pra jogar futebol, sempre tive que conciliar os dois", explicou. "Acredito que a força dos meninos está no empenho dos professores, das escolinhas de futebol. Por isso, muitos bons jogadores saem daqui para times grandes", comentou.
Bruno Mendes começou a jogar na Escolinha de Futebol Setur. O projeto, que é tocado pelos professores Joãozinho e Paraná, foi criado em 1998, e atualmente conta com 200 crianças, entre meninos e meninas, que treinam futebol de campo e futsal. Ao todo, são cinco categorias, sub-9, sub-11, sub-13, sub-15 e sub-17. "A gente não pensa só no futebol. A gente quer que as crianças sejam instruídas a estudar e praticar um esporte, pois muitas delas não deverão seguir carreira no futebol. A concorrência é grande, por isso, cobramos a educação", afirmou João.
Bruno e Joãozinho, em uma das visitas do craque a Cruzeiro (divulgação - Setur) |
Dos jovens que deixaram recentemente o projeto, Joãozinho destaca Rodrigo, de 15 anos, que está na categoria de base do Taubaté desde o ano passado. Outro atleta que o treinador deposita confiança no futuro é o jovem Pedro, de 17 anos, que está no Guarani, e segue os passos de Bruno Mendes, que passou pelo Bugre antes de chegar ao Botafogo. Para Joãozinho, Bruno foi a principal revelação da escolinha e da cidade. "O garoto é matador. Desde pequeno era acostumado a fazer gols e está seguindo um belo caminho. Ele é a nossa estrela", afirmou o treinador.
Questionado sobre a força do futebol cruzeirense e a falta de um time profissional, João afirmou. "Manter um time profissional, hoje em dia, é pesado. Isso envolve muito dinheiro e, para as cidades de interior, é ainda mais difícil. A gente vê a luta diária do Dado (presidente do Manthiqueira, clube de Guaratinguetá) para manter o time. Por isso as escolinhas se mantém, pois o gasto é bem menor", concluiu.
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